A conta de luz chega todo mês e, junto dela, um monte de dúvidas. Uma das mais comuns é sobre as tais bandeiras tarifárias, que aparecem com cores diferentes e mudam o valor que a gente paga. Parece confuso, mas na verdade é um sistema que tenta equilibrar o custo de geração de energia no país. Se você nunca entendeu direito por que às vezes a luz fica mais cara sem mudar o consumo, este artigo vai explicar de forma simples, direta e bem completa tudo sobre isso.

O que são as bandeiras tarifárias?

Bandeiras tarifárias são um sistema criado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) que indica se haverá cobrança adicional na conta de luz, dependendo das condições de geração de energia no país. Elas funcionam como um sinal de trânsito:

  • Verde = situação tranquila, sem cobrança extra.
  • Amarela = custo de geração um pouco maior, com taxa extra.
  • Vermelha (patamar 1 ou 2) = situação mais crítica, com cobrança mais pesada.

Esse sistema foi criado em 2015 e ajuda os consumidores a entenderem quando a energia está mais cara para ser produzida, incentivando também o uso consciente da eletricidade.

Por que existem bandeiras tarifárias?

A principal ideia é ajustar o valor da conta de luz de forma mais transparente. Antes das bandeiras, o custo extra da geração de energia mais cara era repassado depois, em reajustes anuais ou extraordinários. Com o novo modelo, a cobrança é imediata e mais fácil de entender.

Em épocas de seca ou baixa nos reservatórios, por exemplo, as hidrelétricas produzem menos e o governo precisa ativar as usinas termelétricas, que são mais caras. Isso eleva os custos e exige o uso da bandeira vermelha, que aumenta a conta para compensar essa despesa extra.

Como funciona o sistema de cores

O sistema de bandeiras tarifárias é baseado em quatro níveis, que são definidos mês a mês pela ANEEL, de acordo com o cenário energético do país. Veja o que significa cada uma:

Bandeira Verde

  • Sem acréscimo no valor da tarifa.
  • Indica que as condições para geração de energia estão favoráveis.
  • Geralmente ocorre em períodos chuvosos ou quando os reservatórios estão cheios.

Bandeira Amarela

  • Acréscimo de R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos (valor de referência de 2025, pode variar).
  • Mostra que as condições de geração estão menos favoráveis, mas ainda sob controle.

Bandeira Vermelha – Patamar 1

  • Acréscimo de R$ 3,00 a cada 100 kWh.
  • Indica que o custo de geração está elevado, com uso mais intenso das termelétricas.

Bandeira Vermelha – Patamar 2

  • Acréscimo de R$ 6,00 a cada 100 kWh.
  • Situação crítica, com geração muito cara e escassez nos reservatórios.

Importante: esses valores mudam ao longo dos anos, conforme a ANEEL atualiza os custos.

Quem define a bandeira vigente?

A ANEEL avalia mensalmente os seguintes critérios para definir a cor da bandeira:

  • Nível dos reservatórios das hidrelétricas
  • Previsão de chuvas
  • Demanda de energia no país
  • Necessidade de acionar termelétricas

Após essa análise, a agência divulga a bandeira que vai valer para o próximo mês. Essa informação é publicada no site da ANEEL e também repassada às distribuidoras de energia.

A bandeira vale para todo o Brasil?

Sim, o sistema de bandeiras tarifárias é nacional, mas existem exceções. Algumas regiões com sistemas isolados, como partes do Norte e Nordeste que não estão integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), seguem regras específicas.

A maioria dos consumidores conectados à rede nacional está sujeita às bandeiras. No entanto, quem gera a própria energia (como consumidores com painéis solares) sente menos o impacto dessas tarifas.

Como saber qual bandeira está em vigor?

Você pode conferir a bandeira tarifária atual:

  • No site da sua concessionária de energia

  • No site da ANEEL

  • Na própria fatura de energia, que costuma mostrar a bandeira aplicada

Ficar de olho nisso ajuda a entender por que a conta veio mais cara e até a se preparar para economizar no mês seguinte.

Dicas para economizar durante bandeiras vermelhas

Se o sinal está vermelho, é hora de reduzir o consumo. Aqui vão algumas atitudes simples que fazem a diferença:

  • Evite usar ferro elétrico e chuveiro ao mesmo tempo

  • Troque lâmpadas comuns por LED

  • Desligue aparelhos da tomada quando não estiver usando
  • Reduza o uso de ar-condicionado e ventilador
  • Lave roupa em quantidade maior de uma vez só, em vez de várias vezes por semana

A economia na prática não é só boa pro bolso, mas ajuda o país a evitar racionamentos ou colapsos na geração de energia.

O que é a bandeira escassez hídrica?

Em 2021, o Brasil enfrentou uma das maiores secas dos últimos 90 anos. Para lidar com isso, a ANEEL criou a bandeira de escassez hídrica, que não fazia parte do sistema original.

Ela adicionava um valor extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, maior do que a vermelha patamar 2. Essa tarifa vigorou por alguns meses e foi revogada em abril de 2022, mas pode ser reativada se o país enfrentar nova crise hídrica.

Quem está isento das bandeiras?

Nem todos os consumidores pagam a mais em períodos de bandeira vermelha. Alguns casos de isenção:

  • Famílias de baixa renda cadastradas no programa Tarifa Social

  • Moradores de áreas remotas não conectadas ao SIN
  • Unidades que produzem sua própria energia por meio de geração distribuída, como os sistemas de energia solar residencial

Perguntas frequentes

A bandeira muda o valor fixo da conta?

Não. A bandeira afeta somente o valor da energia consumida (kWh), e não a parte fixa da conta, como a taxa de iluminação pública.

A cor da bandeira é a mesma o mês todo?

Sim. A ANEEL define a cor com base em projeções mensais. Durante esse mês, ela não muda, mesmo que o cenário melhore.

Vale a pena instalar energia solar por causa das bandeiras?

Sim. Quem tem sistema de energia solar gera sua própria eletricidade e paga menos pelas tarifas convencionais. As bandeiras impactam menos ou nem se aplicam nesse caso.

Agora que você entendeu o que são bandeiras tarifárias, fica muito mais fácil compreender sua conta de luz. Esse sistema é uma forma direta de mostrar para o consumidor como anda a geração de energia no Brasil. Quando a luz está mais cara, não é porque alguém quis aumentar — é porque o país está gastando mais para gerar eletricidade, geralmente usando usinas termelétricas.

Ficar de olho nas bandeiras é uma forma de se planejar melhor e evitar surpresas no final do mês. E, claro, sempre que possível, adotar hábitos de economia energética vai ajudar tanto no bolso quanto no meio ambiente.